Em pleno século XXI, é possível vivenciar toda sorte de preconceitos e crenças que levam as pessoas a matar e a morrer. Quem está correto: o jornal francês que, defendendo a liberdade de expressão, satiriza crenças sagradas ou o grupo de muçulmanos que, em defesa de sua crença, mata quem a ofende? Qual religião leva a Deus? A católica? A protestante? Nenhuma delas? E quanto a Deus: Ele é um espírito, uma energia ou sequer existe? A homossexualidade é um comportamento normal ou uma doença cromossômica ou psíquica? Sexo: só o "preto no branco" ou em "cinquenta tons de cinza"? E sobre política: Dilma ou Aécio? Lula ou FHC? Requião ou Beto Richa? Bolsonaro ou Jean Wyllys? Esquerda, Centro ou Direita? Socialismo, Comunismo ou Capitalismo? Anarquismo, talvez? Monarquia? A solução para o Brasil é a volta dos militares ou "impichar" a Dilma e deixar o país nas mãos peemedebistas de Michel Temer?
E o que tudo isso tem a ver com as cores do vestidos? Tudo! Mas, antes de falar do vestido, é importante invocar dois pensadores históricos.
Platão, no século I a.C., em sua Alegoria da Caverna, ilustrava a sua Teoria das Ideias, em que ele demonstrava o pensamento de que o que vemos do mundo é apenas uma ideia daquilo que se vê. Para ele, há uma conexão metafísica entre o que chamou de "olhos da alma" e o objeto que os "olhos do corpo" estão vendo.
Mais recentemente, no século XVI d.C., Shakespeare, em O Rei Lear, provocava: "Eu vou ensinar a você diferenças... E você vai ficar surpreso".
Não é necessário esforço para associar o "Dilema das cores do vestido", tão falado nos últimos dias, às reflexões acima. Mas, poucas pessoas, lamentavelmente, conseguem abrir sua mente para o importante ensinamento que isso deve trazer a todos.
A imagem acima mostra um vestido cujas cores são vistas de forma diferentes por dois grupos de pessoas. O primeiro enxerga preto e azul e o segundo, branco e dourado. Segundo especialistas, essa diferença ocorre porque o nível de iluminação que entra na retina varia de pessoa para pessoa.
A discussão sobre quem está vendo as cores corretas no vestido deve levar à compreensão de que todos, e ao mesmo tempo ninguém, estão vendo as cores corretas. Da mesma forma, todos, e ao mesmo tempo ninguém, estão com a razão sobre os questionamentos que abrem este texto.
O "Dilema das cores do vestido" ensina que há mais formas diferentes de ver o mundo do que nossos pobres olhos pensam ver e nossa vã filosofia possa imaginar!
Bem, esta é apenas a minha forma de ver as coisas. Qual é a sua?